Crítica: Match Point (2005)
Match Point
Woody Allen, Inglaterra, 2005
Woody Allen trocou a sua amada New York pela capital inglesa, Londres, e é aí que se desenrola este conto de ambição com consequências trágicas. Chris e Nola são dois jovens ambiciosos oriundos de famílias menos favorecidas que procuram alcançar, cada um por si, um lugar de conforto na alta sociedade britânica.
Os problemas surgem quando entre os dois se desenvolve uma forte atracção, que racionalmente nenhum deseja, mas que tragicamente não conseguem afastar.
O enredo desenvolve-se em ambientes de riqueza e abundância, rodeados de haute culture. As referências ás belas-artes são constantes, notoriamente as poderosas peças de Ópera que se ouvem em momentos chaves do drama.
A presença desta excessiva materialidade, inerente à classe alta londrina, faz ainda mais sentido quando nos apercebemos do fascínio que produz sobre as personagens principais, e como motivação das suas acções, principalmente do jovem instrutor de ténis, interpretado por Jonathan Rhys-Meyers. É sobre ele e a beleza clássica de Scarlett Johansson que as luzes brilham.
Assinaláveis ao demonstrarem que aquele não é um mundo a que pertencem. Paralelamente à tragédia, somos deliciados com ligeiros momentos de comédia, principalmente devido á presença dos actores britânicos da série League Of Gentlemen, mas que nunca se sobrepõem à trama principal.
Apesar das quase duas horas e meia e do ritmo pausado, em grande parte pelo uso do realizador norte-americano de planos estáticos sem cortes dentro das cenas e com movimentos de câmara controlados e limitados, a história cativa até á sua conclusão.
Com tudo o que foi aqui escrito, e após visionado Match Point, não é difícil surgir á memória o realizador francês Claude Chabrol. De facto, parece complicado contornar a influência do cinema de autor europeu nesta nova fase da carreira do realizador norte-americano.
Característicos são a estrutura romance-barra-policial, a técnica simples e directa de filmagem e narração, mas também a perdição que advém da deificação da personagem feminina principal, assim como a ligeira crítica ás classes mais abastadas da sociedade.
Match Point não perde em nada a sua força. Esta referência só lhe exige uma qualidade que Woody Allen não mostra esforço a produzir
8/10
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