Crítica: Crash (2005)
Crash
Paul Haggis, EUA, 2005
O argumentista de Million Dollar Baby (e também de Walker, Texas Ranger!), Paul Haggis acumula as funções de realizador pela primeira vez neste drama vencedor do Óscar de melhor filme do ano.
A película interliga um conjunto de pequenas histórias que, de diferentes maneiras, abordam as temáticas do racismo e da desigualdade social.
A diversidade existente nos Estados Unidos permite um mínimo de credibilidade aos variados acontecimentos estruturados pelo argumento, também vencedor de uma estatueta. No entanto, a certa altura o filme perde-se na complicada teia que ele próprio tece, envolvendo-se em intrigas de menor relevância ou qualidade.
A estrutura do filme não é inovadora, mas resulta na maior parte das sequências, devido à boa montagem utilizada. A referência obrigatória e talvez a mais óbvia desta obra é Magnólia; também em pormenores como a música do título ou a voz-off podemos encontrar essa semelhança.
Apesar da estrutura episódica não permitir que nenhuma das personagens assuma preponderância sobre as outras, cada cena, especialmente na fase inicial, mostra-nos um conjunto distinto de ideias que prendem o espectador.
Curiosamente são as personagens cujo discurso é mais radical que melhor resultam, com destaque para as representadas por Matt Dillon, Sandra Bullock e o estreante Ludacris, benefíciando dos diálogos certeiros e da atitude politicamente pouco correcta com que tratam as questões.
Sem tomar partidos, o filme aproxima-se do ideal Do The Right Thing de Spike Lee, mas sem nunca atingir a sua qualidade ou originalidade.
Após um arranque a todo o gás numa sequência de cenas que culmina no roubo de um SUV, Crash abranda o ritmo mostrando uma série de vinhetas em que as personagens cada vez mais se prendem, e perdem, nos seus estériotipos, nomeadamente nas figuras de um trabalhador latino e de um comerciante árabe.
Os pontos fortes de Crash não sobrevivem à sua duração total e nos derradeiros momentos o filme descamba para o melodrama banal. A realização de Paul Haggis nunca consegue ser mais que competente.
6/10
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