Crítica: Together (2000)
Tillsamans
Lukas Moodysson, Suécia, 2000
O título reporta-se ao nome de uma comunidade de esquerda sueca dos anos setenta, em que oito adultos e duas crianças dividem a mesma casa e utilizam a mesma colorida carrinha. O colectivo é bastante sui generis, não só devido ás diferenças de personalidades mas também de ideias, mesmo dentro de uma ideologia liberal comum.
No entanto, a chegada da irmã de Göran, um dos membros, e dos dois filhos desta, provoca um abalo que porá em causa a razão de ser daquele grupo.
Este é o ponto de partida para uma série de situações, umas trágicas outras cómicas, mas sempre perturbantes, que nenhum dos envolvidos parece ter vivido antes.
No início, o filme mostra-nos o quotidiano na associação, através dos hábitos e querelas típicos da habitação em conjunto, neste caso com as regras específicas de uma cultura comunista, mas com o desenrolar da narrativa notamos que a preocupação é maior com as pessoas e os seus sentimentos do que com as suas ideias políticas ou sociais. Estas surgem apenas como enquadramento para uma sucessão de revelações interiores e mudanças individuais.
A narrativa não se centra numa personagem apenas, e tenta desenvolver com mais ou menos sucesso as diferentes histórias interligadas. Como é natural, algumas são negligenciadas.
Mas mais importante que o seu aprofundamento, parece ser perceber a forma como as diferentes pessoas "evoluem", fruto da convivência forçada. Destaque para os mais novos, e a forma como absorvem tudo o que se passa à sua volta. Outra personagem, um solitário homem de meia-idade, é recuperada de Talk, uma curta-metragem anterior do realizador sueco.
Nesta sua segunda longa metragem, Moodysson consegue captar bem o ambiente claustrofóbico inerente à vida em comunidade por meio de ângulos apertados e de uma panorâmica nada típica do cinema europeu; assim como o espírito da época, através do tom amarelado da película, e das roupas e banda-sonora a condizer. O resultado é totalmente kitsch, mas em nada desprovido de conteúdo.
Apesar de tomar partido apenas pela felicidade de cada um, o filme hostiliza ironicamente uma ideia romântica de vida à margem da sociedade.
7/10
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home