Crítica: La Terza Madre (2007)
Aberta a caixa de Pandora, uma série de mórbidos acontecimentos começam a assombrar a capital italiana, à medida que os seguidores da Mãe das Lágrimas se reuném para lhe prestar vassalagem.
Procurando fazer jus à reputação atribuída à última das bruxas, aquele que foi o percusor do thriller falado em italiano apresenta-nos um violento e bastante explícito conto apocalíptico, que marca o seu regresso ao campo do terror sobrenatural.
Há muito que Argento abandonou o estilo visual cromático que lhe granjeou notoriedade, adoptando actualmente uma imagética gótica mais sóbria e sombria, pontuada com os tons quentes de flamejantes visões do inferno, cortesia do director de fotografia Frederic Fasano.
E se o virtuosismo técnico daquele ainda sobressai nas cenas mais extremas, a verdade é que estas não atingem a riqueza criativa das surpreendentes soluções encontradas nos seus filmes da década de setenta, sendo aqui preteridas em favor de uma abordagem mais directa.
Por outro lado, esta orientação realista permite uma leitura crítica das sociedades contemporâneas e dos verdadeiros males que as assolam, o que é de louvar.
Não obstante, o talento ainda demonstrado não compensa as inúmeras falhas verificadas ao longo do desenrolar do filme e não consegue contrariar a ideia de que o mestre do horror europeu deixou de ser relevante.
De um argumento rebuscado, confuso e pleno de gralhas, com personagens incredíveis e pobremente representadas, a uma orgiástica apoteose que não sobrevive às expectativas construídas, a sensação geral criada é não uma de temor, mas de estupefacção - o que se lamenta, pois de tão estimado autor se desejaria muito melhor.
4/10
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