Crítica: À Ma Soeur (2001)
À Ma Soeur
Catherine Breillat, França, 2001
Dois anos depois do bastante polémico Romance, a francesa Catherine Breillat realizou esta obra que conta a história de uma pré-adolescente cujo quotidiano, que deveria ser no mínimo banal, consegue ser uma experiência tormentosa.
Anaïs é uma jovem rapariga com excesso de peso que se encontra de férias com a família numa instância balnear.
Obrigada a acompanhar a sua irmã Elena, mais velha e bem mais magra, nos encontros desta com homens mais velhos, Anaïs passa por algumas situações algo deconfortáveis.
No entanto, esta é também a única pessoa com quem consegue comunicar, pois da parte dos próprios pais ambas recebem apenas desinteresse e hostilidade.
Devido à sua solidão, a pequena Anais recorre a pequenos jogos para criar um mundo seu de fantasia, como no belíssimo momento em que numa piscina se passeia pelos seus pretendentes.
Aqui, como em outros episódios, a jovem actriz, de seu nome também Anaïs, consegue habilmente retratar uma personagem com quem simpatizamos sem sentirmos pena.
Na verdade, todas as personagens femininas possuem uma maior complexidade, passando por variados acontecimentos que lhes permite mostrar os diferentes lados das suas personalidades.
Após uma série de incidentes que obrigam ao regresso antecipado a casa, o filme chega a um final abrupto e completamente inesperado.
Ao bom estilo do cinema europeu, tecnicamente o filme revela uma imagem espelho da realidade, com planos frontais muitas vezes estáticos e alongados, nomeadamente na cena mais explícita de toda a película em que Francesco, um italiano sem escrúpulos, passa a noite clandestino no quarto das irmâs.
Mas ao contrário de outros títulos, o filme consegue evitar o aborrecimento do espectador e justificar a inclusão das cenas mais provocadoras.
Recebendo o inexecrável título internacional de Fat Girl, À Ma Soeur é um poderoso estudo sobre a dificuldade de inclusão e interacção de alguns, revelador dos espinhos que se escondem numa idade de inocência; assim como uma película que mais uma vez tenta colocar mais à frente as barreiras do aceitável.
7/10
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